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ECOLOGIA E SEUS FUNDAMENTOS

“Correio da Manhã”, Lisboa, 30 de abril de 1998 Dário Moreira de Castro Alves (*) Não conheço outra obra que, numa visão de conjunto, trate de forma abrangente o tema da ecologia – o tema em si, aspectos histórico-filosóficos e a ecologia ou ecologismo do ponto de vista das relações internacionais – como Naturezas Mortas, A Filosofia Política do Ecologismo, de João Almino, Cônsul Geral do Brasil em Lisboa. O autor é titular de um notável curriculum acadêmico obtido no Brasil, na Europa e nos EUA e a obra se originou de uma tese acadêmica apresentada ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil. O tema do ecologismo se insere hoje num grande painel do discurso público mundial, com crescente força e vivacidade, transcendendo de longe os limites técnico-científicos para espraiar-se pelo vasto campo das relações internacionais quer sejam estas tratadas do ponto de vista político, jurídico, económico ou sociocultural. Magnos aspectos das relações internacionais contemporâneas – des

A CHINA É UMA POTÊNCIA MUNDIAL E PARCEIRA DO BRASIL.

Os investimentos chineses por aqui já chegam a R$ 100 bilhões. Das commodities à tecnologia, o gigante asiático está fincando suas garras na indústria nacional, como parte de um objetivo maior: ditar as regras da globalização. Há 10 anos, a China é o principal parceiro comercial do Brasil no mundo. A relação entre os dois países vem se aprimorando com o passar do tempo: em 2018, a soma das importações e exportações entre os dois países alcançou um recorde inédito na América Latina — US$ 98,9 bilhões, ou quase R$ 400 bilhões, sinalizando um ápice na relação bilateral. Os chineses estão investindo pesado no Brasil, seja como pessoa física ou jurídica, adquirindo terras, empresas e investindo em vários setores, entre os quais estão planejamento estratégico, infraestrutura, transporte, agricultura e energia. Há cooperação entre os países nas áreas de mineração, ciência, tecnologia e comércio. O Brasil é um parceiro estratégico dos chineses porque tem tudo que eles estão precisando a cu

CHIMÉRICA: UM CASAMENTO EM MAUS LENÇÓIS?

Por Richard Bernstein Em Nova York (EUA) "Superfusion" (Superfusão) - este é o título de um novo livro escrito por Zachary Karabell, que descreve como a "relação única entre a China e os Estados Unidos se tornou o eixo da economia mundial".   Trata-se de um conceito capcioso em um mundo que luta para acompanhar o ritmo de uma economia que muda rapidamente. Ele é praticamente idêntico a outro neologismo, cunhado há alguns anos pelos historiadores da economia Niall Ferguson e Moritz Schularick para descrever a relação econômica sino-americana: Chimérica.   A China e os Estados Unidos são, sem dúvida, economias enormes com um volume de negócios imenso - US$ 150 bilhões (R$ 258 bilhões) em comércio em 2002; quase US$ 450 bilhões (R$ 775 bilhões) em 2008, e não muito menos do que isso em 2009, apesar da crise econômica. Mas os termos superfusão e Chimérica sugerem algo além dessa amplitude. Segundo a análise de Karabell, os dois gigantes se tornaram "uma hip

QUEM MANDA NA GLOBALIZAÇÃO?

                 Não há dúvida, que vivemos um momento singular da história, especialmente marcado por uma crescente interdependência entre os atores econômicos globais – governos, empresas e movimentos sociais, bem como, entre os indivíduos, numa escala sem precedente. Esse cenário só se tornou possível com os recentes avanços tecnológicos do final do século XX, principalmente nas telecomunicações, que potencializou as possibilidades de integração econômica à distância. A internet se revelou a mais inovadora tecnologia de comunicação e compartilhamento de dados. Surgiu assim, a sociedade em rede, a qual se configura numa massa conectada a partir de terminais eletrônicos e na crescente capacidade de criar novos conteúdos digitais. Já nos acostumamos às redes sociais internacionais como facebook, instagram, whatsapp e outras, ou seja, com a instantaneidade dos dados e dos conteúdos digitais que fluem pelo mundo, mas a covid-19 nos surpreendeu, pois o vírus que surgiu numa cidade chine

O NOSSO ANTIAMERICANISMO DELIRANTE!

  É natural reagirmos à figura dos Estados Unidos. Seria preocupante se fôssemos indiferentes. Essa reação tem sido muito mais de aversão, de ódio, desprezo, aos irmãos do Norte. Mas por quê desse tipo de aversão? Temos uma visão negativa deles, pressupõe que a figura dos Estados Unidos da América esteja associada à de um país dominante, que explora, invade, rouba, saqueia o resto do mundo, que é um país superdesenvolvido e superpoderoso porque saqueou os demais países. Portanto, de acordo com essa compreensão os EUA são herdeiros direto dos colonizadores europeus, os quais saquearam a América, a África e a Ásia. Que os EUA são um império, herdeiro e representante máximo do Ocidente não há dúvida, mas que tipo de império? Será essa a razão do nosso ódio? Parece que o sentimento que oferecemos aos EUA é o inverso quanto à China. Mas por que odiamos os EUA e amamos a China? Recentemente a China ultrapassou a produção industrial americana e se constitui no seu principal concorrente, e a

China, um império que cresce num ritmo próprio.

  Não é novidade que há 70 anos a China é governada por uma ditadura comunista e que nas últimas décadas esse país se tornou a maior oficina do mundo. A combinação de governo centralizado, economia de guerra, mão de obra abundante, disciplinada, qualificada e forte execução de planejamento estratégico e intenso investimento estrangeiro transformaram a China numa potência industrial, ultrapassando os Estados Unidos em 2010. Dentre as medidas que facilitaram esse crescimento industrial, destacam-se as Zonas Econômicas Especiais que foram criadas na década de 80, onde surgiram os polos industriais, tecnológicos e urbanos mais desenvolvidos, no litoral da China. Graças aos maciços e constantes investimentos estrangeiros associados ao Estado Chinês através de joint venture produziram elevadas taxas de crescimento econômico ao longo de várias décadas. Ao ocupar a posição de maior exportador de produtos manufaturados do mundo, surgiram empresas estatais poderosíssimas as quais controlam mais

POR QUE A CHINA QUER O PARÁ?

No início do ano passado o Pará ultrapassou o estado de Minas na produção mineral. As atividades minerárias dão uma boa ideia do perfil da economia paraense especializada em exportar commodities. A quase totalidade dos minérios extraídos é exportada, sendo 76,3 % de ferro, 17,5% de cobre, tem menor participação: bauxita, manganês, alumínio e caulim. A Ásia é o destino de 80% dessa exportação, 60% vão para a China. Desde a década de 60, o Pará adquiriu importância estratégica no projeto de aceleração do crescimento econômico nacional, o setor mineral vem se expandindo e se desenvolvendo. No período do governo militar, se criaram órgãos especiais, fundos de desenvolvimento, incentivos fiscais, aberturas de estradas, portos, além de incentivo não apenas a mineração, mas a outros segmentos da economia paraense, que promoveram a imigração, estímulos à agricultura, pecuária (atualmente o Pará é o maior exportador de boi em pé do país), atividade madeireira e industrialização. Uma das med