A CHINA É UMA POTÊNCIA MUNDIAL E PARCEIRA DO BRASIL.

Os investimentos chineses por aqui já chegam a R$ 100 bilhões. Das commodities à tecnologia, o gigante asiático está fincando suas garras na indústria nacional, como parte de um objetivo maior: ditar as regras da globalização.

Há 10 anos, a China é o principal parceiro comercial do Brasil no mundo. A relação entre os dois países vem se aprimorando com o passar do tempo: em 2018, a soma das importações e exportações entre os dois países alcançou um recorde inédito na América Latina — US$ 98,9 bilhões, ou quase R$ 400 bilhões, sinalizando um ápice na relação bilateral. Os chineses estão investindo pesado no Brasil, seja como pessoa física ou jurídica, adquirindo terras, empresas e investindo em vários setores, entre os quais estão planejamento estratégico, infraestrutura, transporte, agricultura e energia.

Há cooperação entre os países nas áreas de mineração, ciência, tecnologia e comércio. O Brasil é um parceiro estratégico dos chineses porque tem tudo que eles estão precisando a curto e longo prazo, como gigantescas reservas de minérios, petróleo, terras, água e carência de investimentos, principalmente em infraestrutura. Eles têm o maior mercado do mundo para as commodities brasileiras. Para entender a importância deste mercado para o Brasil, dos 90 milhões de toneladas comprados em 2018 pela China, quase 70 milhões saíram do Brasil. Isso significa que 69% de toda a soja exportada pelo Brasil em um ano vai para este país asiático.

Não é novidade que há 70 anos a China é governada por uma ditadura comunista e que nas últimas décadas esse país se tornou a maior oficina do mundo. A combinação de governo centralizado, economia de guerra, mão de obra abundante, disciplinada, qualificada, forte execução de planejamento estratégico e intenso investimento estrangeiro transformaram a China numa potência industrial, ultrapassando a produção dos Estados Unidos em 2010. Dentre as medidas que facilitaram esse crescimento industrial, destacam-se as Zonas Econômicas Especiais que foram criadas na década de 80, onde surgiram os polos industriais, tecnológicos e urbanos mais desenvolvidos, no litoral da China.

Graças aos maciços e constantes investimentos estrangeiros associados ao Estado Chinês através de joint venture, produziram elevadas taxas de crescimento econômico ao longo de várias décadas. Com a posição de maior exportador de produtos manufaturados do mundo, surgiram empresas estatais poderosíssimas, as quais controlam mais de 50% da economia do país e o banco central chinês assumiu o controle da maior reserva internacional do mundo. A partir da globalização, o ritmo da economia chinesa se integrou à economia mundial e tudo que envolve os interesses deles, também repercutem nos demais países, especialmente no Brasil.

Com quase 1,4 bilhão de pessoas e o rápido crescimento do mercado interno esse país além de continuar recebendo investimentos estrangeiros, também se transformou no maior investidor do mundo, especialmente no setor de energia. Por todos esses aspectos a China adquiriu o status de potência econômica mundial e atualmente rivaliza com os Estados Unidos.

É fato notório que a China precisa ter acesso a mais alimentos. Dos 7,7 bilhões de habitantes do mundo, a China é responsável por alimentar, sozinha, 1,4 bilhão dessas bocas. Não bastasse isso, o crescimento da renda da população chinesa e a abertura econômica do país causaram um aumento substancial na demanda por proteínas animais e outros alimentos de ampla produção em países ocidentais.

Os Estados Unidos têm sido o maior destino do dinheiro chinês, em valores médios, na última década, em grande parte, pela explosão de investimentos desde 2012. É por isso que o investimento em energia ofusca os demais setores: desde 2005, são cerca de US$ 400 bilhões (R$ 1,2 trilhão) destinados a prover necessidades energéticas a seus 1,4 bilhão de habitantes. Além disso, as estatais chinesas estão fazendo grandes aquisições importantes no mundo desenvolvido a exemplo da compra da Pirelli (Itália), Syngenta (Suíça), Nexen (Canadá), Addax Petroleum (Suíça), boa parte do Citibank, Morgan Stanley e General Eletric (EUA), etc.

Como vemos o governo chinês se tornou um dos novos donos do mundo. A tendência é o aumento do estreitamento comercial das empresas brasileiras, do governo federal com as autoridades chinesas. No último encontro entre as autoridades brasileiras e chinesas, na XI Cúpula de Líderes do Brics (sigla em inglês que se refere a Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), ano passado em Brasília (DF), a China colocou US$ 100 bilhões de fundos estatais à disposição do governo brasileiro para investimentos que deverão financiar principalmente projetos de infraestrutura. Pequim também deverá expandir o crédito para competir no Brasil por clientes do agronegócio e da indústria.

As referências:

CHINA SUPERA EUA COMO MAIOR POTÊNCIA INDUSTRIAL. Disponível em: https://veja.abril.com.br/economia/china-supera-eua-como-maior-potencia-industrial/ 14/03/2011 Acesso em 27 de mar de 2020.

CHINESES SÃO MAIORES INVESTIDORES NO BRASIL COMO PESSOAS FÍSICAS.

Disponível em: https://veja.abril.com.br/economia/chineses-sao-maiores-investidores-no-brasil-como-pessoas-fisicas/ 18/12/2019 Acesso em 27 de mar de 2020.

SOJA: VEJA TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE A PRODUÇÃO NO BRASIL.

Disponível em: https://www.canalrural.com.br/agronegocio/soja/26/04/2019 Acesso em 27 de mar de 2020.

UM ANO APÓS RECLAMAR QUE CHINA 'COMPRARIA O BRASIL', BOLSONARO QUER VENDER ESTATAIS E COMMODITIES EM VISITA A XI JINPING.

Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50161509 23/10/2019 Acesso em 27 de mar de 2020.

COM US$ 8,5 BILHÕES EM 2017, CHINA AUMENTA PARTICIPAÇÃO EM FUSÕES E AQUISIÇÕES NO BRASIL.

Disponível em: https://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/com-us-85-bilhoes-em-2017-china-aumenta-participacao-em-fusoes-e-aquisicoes-no-brasil.ghtml 28/09/2017. Acesso em 27 de mar de 2020.

BRASIL ASSINA 35 ACORDOS COM A CHINA EM VISITA DO PREMIÊ LI KEQIANG.

Disponível em: http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/05/brasil-assina-35-acordos-com-china-em-visita-do-premie-li-keqiang.html 19/05/2015. Acesso em 27 de mar de 2020.

AS DEZ MAIORES FUSÕES OU AQUISIÇÕES DA CHINA NO EXTERIOR.

Disponível em: https://exame.abril.com.br/negocios/as-dez-maiores-fusoes-ou-aquisicoes-da-china-no-exterior/ 03/02/2016. Acesso em 27 de mar de 2020.

O APETITE CHINÊS POR TERRAS NO BRASIL.

Disponível em: https://exame.abril.com.br/blog/negocios-da-china/o-apetite-chines-por-terras-no-brasil/ 17/10/2019. Acesso em 27 de mar de 2020.

A CHINA CONQUISTA O BRASIL.

Disponível em: https://www.istoedinheiro.com.br/china-conquista-o-brasil/ 04/08/2017. Acesso em 27 de mar de 2020.

QUAIS SÃO OS NEGÓCIOS DOMINADOS PELA CHINA EM OUTROS PAÍSES?

Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/04/150421_investimentos_china_lgb 26/04/2015. Acesso em 27 de mar de 2020.

POR QUE A CHINA ESTÁ INVESTINDO NO BRASIL?

Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/12/06/opinion/1512516006_115426.html 03/12/2017. Acesso em 27 de mar de 2020.

CHINA COLOCA US$ 100 BILHÕES À DISPOSIÇÃO DO GOVERNO BOLSONARO APÓS ENCONTRO DOS BRICS. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/politica/china-coloca-us-100-bilhoes-a-disposicao-do-governo-bolsonaro-apos-encontro-dos-brics/ 15/11/2019. Acesso em 27 de mar de 2020.

QUEM É A CHEMCHINA, A NOVA DONA DA PIRELLI.

Companhia estatal chinesa comprou controle da empresa italiana por 7,1 bilhões de euros.

Disponível em: https://exame.abril.com.br/negocios/quem-e-a-chemchina-a-nova-dona-da-pirelli/ 07/07/2015. Acesso em 27 de mar de 2020.

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